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Livro - A Menina da Coluna Torta, por Julia Barroso
Livro - A Mulher da Coluna Torta, por Julia Barroso
  • Foto do escritorJulia Barroso

Descobrindo a escoliose na praia

Atualizado: 8 de jan.

Hoje eu trago aqui o depoimento feito pela Larissa Mélo sobre como ela descobriu a escoliose e o que aconteceu em sua vida depois disso. No fim do texto ainda tem um recadinho super lindo. Não deixem de ler! Essa é mais uma história inspiradora, que eu tenho orgulho em compartilhar.


Minha tia Cláudia foi quem descobriu o meu desvio na coluna, durante uma caminhada na praia em 2006. Como eu estava de biquíni, ela percebeu que um dos lados da minha cintura era mais curvo que o outro. Nós avisamos a minha mãe e ficamos de providenciar a ida a um médico ortopedista, mas como eu estava no último ano do Ensino Médio, estudando para o vestibular, fui deixando a consulta para depois. Enfim, veio o resultado do vestibular: tinha passado no curso de Turismo da Universidade Federal de Pernambuco. Eu morava em Caruaru, no agreste pernambucano, e o campus ficava na capital, Recife. Portanto, os primeiros meses de 2007 foram de descanso, depois do ano de estudos. Em abril, me mudei para a casa dos meus padrinhos, onde minha irmã já morava e, envolvida com as novidades e viagens do primeiro ano de faculdade, fui adiando a ida ao ortopedista.


Somente em 2008 comecei a procurar um especialista. Tenho um tio que trabalha com representação de remédios e conhece muitos médicos em Recife, por isso pedi uma indicação e ele me direcionou para o Dr. André Flávio, especialista em coluna da clínica Ortocentro. Em agosto, fui fazer minha primeira consulta e, por coincidência, meu tio Edu estava lá no consultório, aguardando para falar com um dos médicos. Na televisão da sala de espera passavam os Jogos Olímpicos de Pequim. Na primeira consulta, o Dr. André solicitou uma radiografia da minha coluna e uma da bacia, para verificar minha idade óssea. Quando levei os exames, ele fez as medições e identificou uma curva de 50º. Eu não sentia dores nas costas ou qualquer incômodo causado pela curvatura. Como eu já havia parado de crescer, não adiantava fazer tratamentos para reverter ou estagnar a curvatura, como fisioterapia ou uso de colete, então o médico informou que iríamos acompanhar a evolução do meu quadro. Depois de um ano, em agosto de 2009, voltei para o ortopedista com uma nova radiografia. A cara que ele fez quando comparou a radiografia anterior com a mais recente deixou claro que algo não estava bem. Por precaução, ele solicitou uma ressonância magnética da coluna, para confirmar se havia algum problema na medula e, o mais alarmante, me disse que eu fosse acompanhada por algum adulto na próxima consulta. Bom, eu já tinha 19 anos e ia para todos os meus médicos sozinha, pois não morava mais com meus pais. Nessa época, minha mãe tinha acabado de se mudar para Petrolina e meu pai continuava em Caruaru. Como ficava complicado para eles viajarem por causa do trabalho, minha mãe pediu a meu tio ou minha tia que me acompanhasse. Acabei indo com os dois e achei engraçado ir ao médico acompanhada por adultos, mas, ao mesmo tempo, tinha receio da exigência de acompanhantes naquela consulta. Alguma notícia bem séria seria dada. Bom, a notícia boa foi que estava tudo bem com minha medula. Como disse meu médico, não havia “tumor” ou coisa parecida. Fiz alguns raios X de movimento, me encurvando totalmente para o lado esquerdo e para o lado direito, para ver qual seria a possibilidade de correção da curva. Como eu ainda era jovem e não tinha a coluna muito rígida, o prognóstico para a correção da curva era muito bom. Porém, quando ouvimos o diagnóstico final, minha tia ficou mais assustada que eu quando surgiu a palavra cirurgia. Ela perguntou se não havia alternativas, outras formas de tratamento. Como eu já sabia que não, restou ouvirmos as considerações dele sobre os riscos e os procedimentos necessários dali para frente. Ele disse que os principais riscos eram infecção hospitalar e paraplegia, ou seja, perder o movimento das pernas. Em relação a isso, ele nos garantiu que nunca havia acontecido com nenhum de seus pacientes. Ele também disse que havia a possibilidade de ter a cirurgia acompanhada por um neurocirurgião, que ficaria monitorando os movimentos das minhas pernas por meio de equipamentos. Entretanto, isso teria um custo bem alto. Peguei o número do neuro e fiquei de resolver com minha mãe. Combinamos que a cirurgia seria no fim do ano, depois das provas da faculdade.


Segurei a barra até chegar em casa, mas quando liguei pra minha mãe, desabei. Chorei muito. Nunca esqueço como me senti desconsolada, com meus pais longe de mim no momento de uma notícia tão séria. Afinal, era uma cirurgia de grande porte, em um dos locais mais sensíveis e delicados do corpo. O desespero durou pouco. A cirurgia já era coisa certa e eu tinha que ir para universidade à tarde. Dali para frente precisaríamos providenciar os exames necessários e começar a batalha para meu plano de saúde liberar a cirurgia. Foram diversas ligações e uma visita ao escritório do meu convênio, acompanhada por meu pai, para conseguir adiantar o processo. Ainda assim, houve alguns momentos de tensão e nervosismo. O Dr. André tinha previsto um custo em torno de R$ 60.000,00, porque os materiais seriam importados. Entretanto, três dias antes da minha internação, a atendente do plano de saúde informou que minha cirurgia foi orçada em R$ 90.000,00. Graças a Deus e ao plano, a cirurgia foi autorizada.


Entre agosto e dezembro, a vida correu normalmente e comecei a namorar o Pitágoras (força imprescindível em todo o processo). Finalmente chegou o dia: segunda-feira, 7 de dezembro de 2009. Internação às 14h no Hospital Santa Joana. Desde 6h da manhã sem comer (ain...). Não havia quarto standard e acabei ficando em uma suíte que meu plano nem cobria. Se não fosse internação, eu me sentiria em um hotel. Meus pais e eu conversamos com o Dr. André e com o anestesista. Pitágoras chegou para ficar um pouco comigo. Tirei as fotos para o “Antes” e “Depois”, tomei um banho com um sabonete esquisito e aí veio o sublingual. A última coisa de que lembro é de falar a minha mãe que estava com sono. Depois, apaguei. Só acordei por volta das 20h30, na sala de recuperação. Calor, frio, dor. A noite foi péssima. No outro dia de manhã, o Dr. André chegou pra me salvar e tudo foi melhorando: tirar sonda, dreno, me livrar do banho de gato, comer normalmente. Andar! Nos primeiros passos, me desequilibrei, pensei que ia cair. Mas segurei e dei uma volta pelo quarto. Na quinta-feira da mesma semana, tive alta e voltei para casa dos meus tios.


Como minha mãe precisava voltar ao trabalho, fiquei uma semana com a melhor enfermeira do mundo: vovó Janete, mãe da minha mãe. Visita de Pitágoras todo dia, muito cuidado e com quinze dias eu fui liberada para viajar. Fui pra Caruaru passar as festas de fim de ano com meus pais e depois passei um mês na praia em Tamandaré, local que eu descobri a escoliose. Na sequência, até consultoria sobre minha cirurgia eu dei! Uma foi para uma menina de 13 anos que, mesmo tendo usado o colete de Milwaukee, teria que se submeter à cirurgia. Ela, a mãe e a irmã estavam apavoradas e eu conversei um pouco com elas, dizendo que tinha feito a operação há poucos meses e estava me recuperando muito bem. Outra foi por telefone com a Adriana, mãe da Júlia, que também precisava fazer cirurgia para corrigir a escoliose. As notícias que tive foram muito boas. Espero que elas estejam bem, como eu, e continuem a vida normalmente.


O texto acima foi escrito em janeiro de 2012, enquanto eu lia “A Menina da Coluna Torta” (adoro esse título e ainda me considero uma dessas meninas). Quando terminei de ler, me deu vontade de contar um pouquinho da minha história também e, Julia, seu livro me incentivou a escrever. Obrigada por encorajar tantas meninas a irem em frente, não abandonarem o tratamento da escoliose e contarem suas histórias. Essa corrente tem ajudado muita gente a se informar sobre a escoliose e tomar decisões preventivas, antes que seja necessária uma cirurgia corretiva. Espero que o projeto cresça mais e mais!


Larissa Mélo


Quer descobrir mais histórias de vida inspiradoras? Confira todos os depoimentos que publicamos aqui no nosso blog.


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