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Livro - A Menina da Coluna Torta, por Julia Barroso
Livro - A Mulher da Coluna Torta, por Julia Barroso
  • Foto do escritorJulia Barroso

Escoliose: duas formas de superar

Há algumas semanas eu tive um bate-papo muito legal com a jornalista Heloisa Marra sobre a minha vida com escoliose, como lidei com a deformidade ao longo da juventude e de que maneira encaro tudo isso hoje em dia. A nossa conversa foi tão interessante, que ela publicou na Tv Zoom. Entre uma pergunta e outra, abordamos o tema de como fiz para superar a escoliose tanto na adolescência quanto na fase adulta. Essa questão foi tão inteligente que na hora me deu um estalo: não foi apenas de um jeito, mas de duas formas diferentes.


Rede de apoio durante a adolescência com escoliose

Quando somos novos e um desafio grande como a escoliose nos pega de jeito, sem aviso prévio, ficamos sem chão e sem saber o que fazer. A verdade é que, mesmo para os adultos, é muito difícil, imagina para as crianças. Nesta fase, ali perto dos 11 - 12 anos, quando a escoliose idiopática do adolescente costuma surgir, estamos descobrindo o corpo e a mente, estamos em processo de aprendizado, estamos saindo da infância e entrando em um momento complexo do ciclo da vida – a adolescência. Então, como lidar com essa bomba, que requer muita resiliência, disciplina, foco, força e fé? Vou falar por mim.


Quando descobri que tinha a coluna torta e que precisaria passar por um longo tratamento, sem a certeza de dar certo, me joguei na força das minhas amigas e da família. Ou seja, de alguma forma, nem eu sei como, entendi que a minha rede de apoio era o caminho da minha salvação e saúde mental. E foi mesmo! Sem as risadas com as meninas, e muitas vezes choros, sem o abraço delas – o meu era duro - sem as palavras de consolo que elas me davam, sem as noites conversando e fofocando sobre a escola, eu não teria sobrevivido ao colete de Milwaukee. De verdade! Teve um Carnaval, quando eu tinha por volta de 13 ou 14 anos, que passei na casa do Guarujá da Delana (quem leu meus livros sabe bem quem é rs). Mesmo com aquele trambolho me cobrindo inteira, foi um dos feriados mais divertidos da minha vida. A gente riu tanto, curtiu tanto, conheceu tanta gente, que tudo se tornou inesquecível.


O que eu quero dizer com tudo isso é que eu superei a minha escoliose na adolescência por meio dos outros, pelo carinho e apoio que recebi. A força vinha de fora. Isso foi o que me alimentou por muitos anos.


Terapia na fase adulta

O tempo foi passando, tive alta do colete, operei a escoliose e virei adulta. Aí eu senti o peso de não ter contado com a ajuda de um profissional do âmbito da psicologia para me ajudar quando eu mais precisei. Sério. Cresci e parece que a bomba caiu toda de uma vez nos meus ombros. Senti que tinha desenvolvido um forte complexo de inferioridade, que minha autoestima estava extremamente abalada, que passei a ter pavor de tudo e que a minha rede de apoio já não era tanto a minha salvação. Entendi que precisava fazer algo por mim.


E então, finalmente, comecei a terapia. Eu precisava entender aquele turbilhão na minha cabeça e nos meus sentimentos e, mais que isso, precisava aprender a criar forças para lidar com a vida, ou seja, ser forte e tirar energias de mim mesma e não tanto dos outros, como fiz na juventude. Claro que o meu processo de buscar no outro o que eu precisava foi totalmente natural, como de muitas crianças é. Não temos maturidade nenhuma e nem devemos lidar com tudo sozinhas, jamais. Porém, aprendi, com anos de terapia, que contar com a própria força é muito importante também, afinal a felicidade verdadeira vem de dentro, por mais clichê que isso pareça. Ao longo dos últimos anos tenho trabalhado a questão da autoestima e, principalmente, do medo que tenho de muitas coisas. E terapia funciona, viu, gente! Melhorei bastante e por conta disso, vivo os meus dias muito mais leves.


Quando a Heloisa me fez aquela pergunta, na hora me dei conta: superei a escoliose de duas formas diferentes, em dois momentos diferentes, mas sempre dei um jeito de encarar, que no fim do dia, é o que o importa!


Pensem sobre isso e encontrem a força de vocês. Ela existe!!!!


escoliose
Eu já sem colete, tentando recuperar minha autoestima em um catálogo da Hering

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